autora Lu castro
Dentro da série de assuntos tratados junto ao Dr. Paulo Roberto, do Centro de Medicina Esportiva do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Fisiologista/FIFA), especulamos sobre qual é o perfil de atividade e a carga física que são submetidas as jogadoras de elite do futebol feminino mundial durante as partidas, e como funciona a relação entre o estado de treinamento e o desempenho correspondente às necessidades do futebol. 

Atualmente as pesquisas mostram que a distância total percorrida durante uma partida de futebol feminino é muito semelhante a do futebol masculino, ou seja, a média é de 10,3 km (variação: 9,7-11,3 km) exigindo grande desenvolvimento aeróbio para suportar o jogo de alta intensidade.
A diferença básica do futebol feminino em relação ao masculino reside na maior intensidade dos deslocamentos realizado pelos homens, mas a distância atingida ao final de uma partida é comparável, ou seja, o ritmo das mulheres é mais lento.
As jogadoras de hoje realizam piques em média 125 vezes (variação: 72-159 vezes) com piques demorando de 2,3'' cada estímulo (variação: 2,0-2,4 seg). A mulher futebolista realiza aproximadamente mais de 1300 tipos de deslocamentos em média demorando 4'' para cobrir a distância entre 9 e 11 km percorridos. O batimento cardíaco médio no pico do esforço durante a partida foi de 167 batidas por minuto (bpm) (variação:152-186 batimentos) e 186 batidas (variação: 171-205 batimentos), respectivamente, correspondendo a 87% (81-93) e 97% (96-100) do batimento cardíaco máximo do coração. Portanto, o desgaste cardiovascular é alto.
A média de consumo máximo de oxigênio pulmonar (VO2max), ou seja, o fôlego respiratório máximo foi de 49,4 mL de oxigênio (variação: 43,4-56,8) medido na esteira ergométrica dentro do laboratório de fisiologia.
As jogadoras consideradas de alto nível correm 28% mais em alta intensidade do que aquelas de nível mais baixo, ou seja, elas correm apenas 24%, dão menos piques. As jogadoras de defesa normalmente realizam menos estímulos de alta intensidade de corrida do que as meio-campistas e as atacantes, e bem menos piques (sprints) que as atacantes.
Assim podemos dizer que as jogadoras internacionais de alto nível executam mais estímulos de alta intensidade de corrida do que jogadores de um nível inferior. A diferença em intensidade alta de jogo verificada entre jogadoras de elite e de não elite, demonstra a importância do exercício intermitente para o desempenho no jogo de futebol das mulheres. Assim, estes aspectos devem ser treinados intensivamente no futebol feminino.
Luciane de Castro é colaboradora do portal Futebol Feminino Profissional e mantém um blog pessoal "Medo e Delírio" com pensamentos do dia-a-dia. Você também pode segui-lá no twitter @Lu_dCastro