
Antes da final da Copa do Mundo Feminina da FIFA Alemanha 2011 no domingo, duas grandes personalidades do mundo do futebol feminino concederam uma entrevista exclusiva ao FIFA.com: April Heinrichs, ex-treinadora dos EUA e ganhadora da medalha de ouro no Torneio Olímpico de Futebol Feminino de Atenas 2004, e Tina Theune, campeã mundial em 2003 como treinadora daAlemanha.
Ambas fazem parte do Grupo de Estudos Técnicos da FIFA (TSG) e mostraram os seus conhecimentos comentando sobre assuntos como as mais recentes evoluções táticas, as melhores jogadoras do torneio, a ganhadora do prêmio de Melhor Jogadora Jovem Hyundai e a grande variedade de sistemas de jogo utilizados neste Mundial Feminino.
FIFA.com: Quais são as suas impressões sobre o clima e a atmosfera que reinaram nos estádios alemães?
April Heinrichs: Não há dúvidas de que foi um torneio realmente impressionante. Os alemães trabalharam dia e noite durante quatro anos para alcançarem esse grande número de espectadores. Foi muito inteligente fazer uma turnê pelos outros países antes do torneio para promover o evento. Isso teve um enorme apelo junto às pessoas que se interessam pela Copa do Mundo Feminina da FIFA.
April Heinrichs: Não há dúvidas de que foi um torneio realmente impressionante. Os alemães trabalharam dia e noite durante quatro anos para alcançarem esse grande número de espectadores. Foi muito inteligente fazer uma turnê pelos outros países antes do torneio para promover o evento. Isso teve um enorme apelo junto às pessoas que se interessam pela Copa do Mundo Feminina da FIFA.
Além disso, o futebol apresentado também foi de alto nível...
Heinrichs: O mundo viu neste torneio na Alemanha um futebol espetacular e excelentes seleções, que de certa forma mostraram o melhor futebol feminino que eu já vi. Mas, principalmente, pudemos ver muitos estilos de jogo diferentes. O impressionante jogo de passes das japonesas e das francesas, que quase sempre dão no máximo dois toques na bola. E também o estilo objetivo e dinâmico dos EUA. Nunca havia existido tanta variedade de estilos e com tanto sucesso.
Heinrichs: O mundo viu neste torneio na Alemanha um futebol espetacular e excelentes seleções, que de certa forma mostraram o melhor futebol feminino que eu já vi. Mas, principalmente, pudemos ver muitos estilos de jogo diferentes. O impressionante jogo de passes das japonesas e das francesas, que quase sempre dão no máximo dois toques na bola. E também o estilo objetivo e dinâmico dos EUA. Nunca havia existido tanta variedade de estilos e com tanto sucesso.
Theune, você diria que o número de grandes seleções de futebol feminino aumentou?
Tina Theune: Certamente! Os placares apertados e os muitos jogos emocionantes mostram que o futebol feminino se desenvolveu e que há mais seleções de alto nível. Principalmente nas partidas pelas quartas de final, nas quais antigamente era fácil adivinhar quem ganharia. Tivemos três prorrogações e duas disputas por pênaltis. Vários confrontos foram muito equilibrados e disputados. Antigamente, os EUA, a Alemanha e o Brasil ditavam as tendências. Agora, outras equipes também se sentem bem nesse papel. Em relação à defesa, muitos selecionados aperfeiçoaram o jogo quando estão sem a bola e adotaram estratégias flexíveis de marcação por pressão e trocas rápidas. O Japãojoga pensando na posse de bola em espaços limitados e, quando perde a bola, não precisa mudar muito o seu posicionamento, porque já está tudo organizado. Agora, chegou o momento de ampliar o número de participantes de 16 para 24 na Copa do Mundo Feminina da FIFA 2015.
Tina Theune: Certamente! Os placares apertados e os muitos jogos emocionantes mostram que o futebol feminino se desenvolveu e que há mais seleções de alto nível. Principalmente nas partidas pelas quartas de final, nas quais antigamente era fácil adivinhar quem ganharia. Tivemos três prorrogações e duas disputas por pênaltis. Vários confrontos foram muito equilibrados e disputados. Antigamente, os EUA, a Alemanha e o Brasil ditavam as tendências. Agora, outras equipes também se sentem bem nesse papel. Em relação à defesa, muitos selecionados aperfeiçoaram o jogo quando estão sem a bola e adotaram estratégias flexíveis de marcação por pressão e trocas rápidas. O Japãojoga pensando na posse de bola em espaços limitados e, quando perde a bola, não precisa mudar muito o seu posicionamento, porque já está tudo organizado. Agora, chegou o momento de ampliar o número de participantes de 16 para 24 na Copa do Mundo Feminina da FIFA 2015.
Você acredita que o Japão, uma seleção muito forte tecnicamente, se inspirou no estilo da Espanha e do Barcelona?
Theune: Talvez o Barcelona é que tenha se inspirado no Japão (risos). Acredito que em ambos os casos existiu um trabalho muito bem feito nos últimos dez ou 15 anos e isso pode ser visto pela formação dos jogadores e jogadoras.
Theune: Talvez o Barcelona é que tenha se inspirado no Japão (risos). Acredito que em ambos os casos existiu um trabalho muito bem feito nos últimos dez ou 15 anos e isso pode ser visto pela formação dos jogadores e jogadoras.
Com quais atletas vocês mais se impressionaram ao longo do torneio?
Theune: Para mim, foi Homare Sawa. Ela tem fome de bola, organiza o jogo e, ao mesmo tempo, tem faro de gols. Definitivamente, ela está entre as jogadoras mais completas.
Heinrichs: A inglesa Jill Scott deixou uma boa impressão, assim como as francesas Elise Bussaglia e Gaetane Thiney e também a sueca Lisa Dahlkvist. Não foram só as atacantes que costumam estar mais no centro das atenções que impressionaram, mas também algumas volantes que carregam o piano. A sueca Caroline Seger também foi bem. Outra que se destacou foi a Añonman, de Guiné Equatorial. Entre as japonesas, nós do TSG gostamos de nove jogadoras, o que já mostra a qualidade da equipe.
Theune: Para mim, foi Homare Sawa. Ela tem fome de bola, organiza o jogo e, ao mesmo tempo, tem faro de gols. Definitivamente, ela está entre as jogadoras mais completas.
Heinrichs: A inglesa Jill Scott deixou uma boa impressão, assim como as francesas Elise Bussaglia e Gaetane Thiney e também a sueca Lisa Dahlkvist. Não foram só as atacantes que costumam estar mais no centro das atenções que impressionaram, mas também algumas volantes que carregam o piano. A sueca Caroline Seger também foi bem. Outra que se destacou foi a Añonman, de Guiné Equatorial. Entre as japonesas, nós do TSG gostamos de nove jogadoras, o que já mostra a qualidade da equipe.
O TSG já decidiu para quem vai o primeiro prêmio. Quem foi a Melhor Jogadora Jovem Hyundai nesta Copa do Mundo Feminina da FIFA e por quê?
Theune: O nosso foco principal foram as candidatas que eram jogadoras importantes nas suas equipes. E a nossa escolha foi a australiana Caitlin Foord, de 16 anos, porque ela é fundamental para a sua seleção.
Heinrichs: O técnico Tom Sermanni tem muita confiança nela tanto no meio de campo quanto na defesa pelo lado direito. Ela tem potencial para se tornar um protótipo da lateral moderna, que é forte na defesa e também se direciona para o ataque.
Theune: O nosso foco principal foram as candidatas que eram jogadoras importantes nas suas equipes. E a nossa escolha foi a australiana Caitlin Foord, de 16 anos, porque ela é fundamental para a sua seleção.
Heinrichs: O técnico Tom Sermanni tem muita confiança nela tanto no meio de campo quanto na defesa pelo lado direito. Ela tem potencial para se tornar um protótipo da lateral moderna, que é forte na defesa e também se direciona para o ataque.
Gostaríamos de fazer uma rápida "troca de papéis". Heinrichs, como você avalia a participação daAlemanha neste torneio? E Theune, o que você acha da seleção americana?
Heinrichs: Obviamente, tenho acompanhado a seleção alemã há vários anos de forma muito intensa e observei a sua ascensão até se tornar uma das melhores equipes do mundo em todos os tempos. Evidentemente, antes do Mundial, eu acreditava que a Alemanha chegaria até a final. No fim das contas, o selecionado germânico foi eliminado nas quartas, mas continua sendo uma equipe que joga coletivamente e é forte tanto tática quanto tecnicamente, com uma filosofia muito boa e com jogadoras de altíssimo nível em todas as posições. Mas as adversárias não facilitaram a sua vida, com defesas muito boas, sem dar espaços e atacando desde o princípio. Além disso, é preciso lembrar da grande pressão para vencer que a Alemanha teve por jogar diante da sua própria torcida. Acredito que isso prejudica o rendimento.
Theune: Podemos reconhecer a influência da treinadora. Acredito que o excelente posicionamento dosEUA e, principalmente, as trocas de passe seguras e em longa distância se fizeram notar desde a defesa, com a Shannon Boxx e a Carli Lloyd. Além disso, o moral das garotas dos EUA é impressionante. Elas sempre acreditam em si até o último segundo. Isso mostra uma mentalidade extraordinária e um grande caráter.
Heinrichs: Obviamente, tenho acompanhado a seleção alemã há vários anos de forma muito intensa e observei a sua ascensão até se tornar uma das melhores equipes do mundo em todos os tempos. Evidentemente, antes do Mundial, eu acreditava que a Alemanha chegaria até a final. No fim das contas, o selecionado germânico foi eliminado nas quartas, mas continua sendo uma equipe que joga coletivamente e é forte tanto tática quanto tecnicamente, com uma filosofia muito boa e com jogadoras de altíssimo nível em todas as posições. Mas as adversárias não facilitaram a sua vida, com defesas muito boas, sem dar espaços e atacando desde o princípio. Além disso, é preciso lembrar da grande pressão para vencer que a Alemanha teve por jogar diante da sua própria torcida. Acredito que isso prejudica o rendimento.
Theune: Podemos reconhecer a influência da treinadora. Acredito que o excelente posicionamento dosEUA e, principalmente, as trocas de passe seguras e em longa distância se fizeram notar desde a defesa, com a Shannon Boxx e a Carli Lloyd. Além disso, o moral das garotas dos EUA é impressionante. Elas sempre acreditam em si até o último segundo. Isso mostra uma mentalidade extraordinária e um grande caráter.
Qual será o legado deste torneio para o futebol feminino nos próximos anos?
Heinrichs: Obviamente, um aumento na popularidade e na qualidade. É preciso observar que é importante que as federações entendam rápido que são necessários planos a longo prazo. Quem não investe hoje, não apenas permanece parado onde está, mas também perde o espaço para outros.
Theune: Acredito que será cada vez mais importante formar jogadoras que pensam e reagem rapidamente. Há muito tempo que apenas um físico forte não é o suficiente. Um jogo inteligente será decisivo, coisas pequenas como domínio de bola e antecipação. Mas também serão cada vez mais importantes os aspectos técnicos, como ser capaz de sair de situações difíceis e de criar oportunidades. As situações decisivas acontecem em questão de segundos e fazem toda a diferença. As jogadoras de hoje e de amanhã precisam estar preparadas para isso.
Heinrichs: Obviamente, um aumento na popularidade e na qualidade. É preciso observar que é importante que as federações entendam rápido que são necessários planos a longo prazo. Quem não investe hoje, não apenas permanece parado onde está, mas também perde o espaço para outros.
Theune: Acredito que será cada vez mais importante formar jogadoras que pensam e reagem rapidamente. Há muito tempo que apenas um físico forte não é o suficiente. Um jogo inteligente será decisivo, coisas pequenas como domínio de bola e antecipação. Mas também serão cada vez mais importantes os aspectos técnicos, como ser capaz de sair de situações difíceis e de criar oportunidades. As situações decisivas acontecem em questão de segundos e fazem toda a diferença. As jogadoras de hoje e de amanhã precisam estar preparadas para isso.
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