
Não é certa nem isenta de polêmica a atribuição a uma cultura ou país da invenção do futebol. Sabe-se, entretanto, que as primeiras manifestações do chamado football (do inglês foot, pé; e ball, bola) surgiram entre 3.000 e 2.500 a.C, na China.
O Tsu-Chu
Durante a dinastia do imperador chinês Huang-ti, era costume chutar os crânios dos inimigos derrotados. Os crânios, que mais tarde viriam a ser substituídos por bolas de couro, tinham que ser chutados pelos soldados chineses por entre duas estacas cravadas no chão, no primeiro indício de traves. O esporte era chamado de tsu-chu, que em chinês significa "lançar com o pé" (tsu) uma "bola recheada feita de couro" (chu). O esporte foi criado para fins de treinamento militar, por Yang-Tsé, integrante da guarda do Imperador, na dinastia Xia, em 2.197 a.C.
O Kemari
Significando pontapear a bola (ke = chutar, mari = bola), é uma variação do tsu-chu e se originou no Japão. Ao contrário do esporte chinês, as mulheres não podiam participar do kemari, no qual era proibido qualquer contacto corporal. O campo (kakari) era quadrado e cada lado havia uma árvore: cerejeira (sakura), salgueiro (yana-gi), bordo (kaede) e pinheiro (matsu). Os jogadores (mariashi, de mari = bola e ashi = pé) eram oito. Esse jogo era mais um ritual religioso do que propriamente um esporte, antes de se iniciar era realizada uma celebração para abençoar a "bola", pois esta simbolizava o Sol.
O Epyskiros
A primeira referência ao epyskiros vem do livro Sphairomachia, de Homero. De fato, este era um esporte disputado com os pés num campo retangular, por duas esquipes de nove jogadores. Contudo, tais números podiam mudar de acordo com as dimensões do campo. Podia-se ter até 15 jogadores de cada lado, como acontecia no século I a.C. em Esparta. A bola, feita de bexiga de boi e recheada com ar e areia, deveria ser arremessada para as metas, no fundo de cada lado do campo.
Os Sacrifícios Maias
Entre os anos de 900 e 200 a.C., na Península de Iucatã, atual México, os maias praticavam um jogo (de nome desconhecido) com os pés e as mãos. O objetivo do jogo era arremessar a bola num furo circular no meio de seis placas quadradas de pedras. Na linha de fundo havia dois templos, onde o atirador-mestre (o equivalente ao capitão da equipe) do grupo perdedor era sacrificado.
O Harpastum
Descendente do epyskiros, o harpastum foi um esporte praticado por volta de 200 a.C., no Império Romano. O harpastum era disputado em um campo retangular, divido por uma linha e com duas linhas como meta. A bola, feita de bexiga de boi, era chamada de follis. O harpastum era um exercício militar, o que fazia com que uma partida podesse durar horas. Com as conquistas romanas, o mesmo foi difundido por outras regiões da Europa, Ásia Menor e Norte da África.
O Soule
Durante a Idade Média, na região onde atualmente fica a França, foi criado o soule, uma versão do harpastum, introduzido pelos romanos entre os anos de 58 e 51 a.C. As regras do soule variavam de região a região. O soule foi um esporte da realeza, praticado pela aristocracia. O rei Henrique II da França, por exemplo, foi um grande entusiasta do jogo.
O Calcio Fiorentino
Não por acaso, até hoje os italianos chamam o futebol de "calcio". O esporte foi criado em Florença, e por isso, denominou-se calcio fiorentino. As regras só foram estabelecidas em 1580, por Giovanni di Bardi: o jogo passou a ser arbitrado por dez juízes, a bola podia ser impulsada com os pés ou as mãos e deveria ser introduzida numa barraca armada no fundo de cada campo. Não havia limite de jogadores (levando-se em conta o tamanho do campo, claro), por isso a necessidade de tantos juízes. O esporte se espalhou rapidamente por todo país, e hoje é uma festa anual em várias cidades da Itália.
O Football
O primeiro registro de um esporte semelhante ao futebol nos territórios britânicos vem do livro Descriptio Nobilissimae Civitatis Londinae, de Willian Fitztephe, em 1175. A obra cita um jogo (semelhante ao soule) durante a Schrovetide (espécie de Terça-feira Gorda), em que habitantes de várias cidades inglesas saíram às ruas chutando uma bola de couro para comemorar a expulsão dos dinamarqueses. A bola simbolizava a cabeça de um invasor. Por muito tempo, o futebol foi meramente um festejo para os ingleses.
Lentamente, o esporte passou a ficar cada vez mais popular. Tanto que, no século XVI, a violência do jogo era tamanha, que o escritor Philip Stubbes descreveu o esporte como: "Um jogo bárbaro, que só estimula a cólera, a inimizade, o ódio, a malícia, o rancor." - o que, de fato, não era mentira. Muitos participantes quebravam as pernas, tinham suas roupas rasgadas ou seus dentes arrancados. Há noticias até de acidentes fatais, como a de um jogador que se afogou ao pular de uma ponte para pegar a bola. Houve também muitos assassinatos devido à rivalidade entre times. Por isso, o esporte ficou conhecido como "mass football", (futebol de massa). Em 1700, foram proibidas as formas violentas do futebol.
O esporte, então, teve que mudar. Em 1710, as escolas de Covent Garden, Strand e Fleet Street passaram a adotar o futebol como atividade física. Com isso, o mesmo logo ganhou novos adeptos, que saíram de esportes como o tiro e a esgrima. Com a difusão do esporte pelos colégios do país, o problema passou a ser os diferentes tipos de regras em cada escola. Duas regras de diferentes colégios ganharam destaque na época: uma, jogada só com os pés; outra, com os pés e as mãos. Criava-se, assim, o football e o rugby, em 1846.
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